Imersão nos IDG (Objetivos de Desenvolvimento Interior)

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Ser. Pensar. Relacionar-se. Colaborar. Agir.

Esses são os cinco pilares que estruturam os 23 Objetivos de Desenvolvimento Interno ou Inner Development Goals (IDG). Eles foram concebidos a partir de duas constatações. A primeira é do quão atrasados estamos na jornada rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); a segunda, de que não é possível transformar o mundo sem transformar as pessoas. Einstein já havia feito este alerta: “não se pode resolver um problema com o mesmo nível de consciência que o criou”.

Os conceitos incorporados pelo framework dos IDG não são novos. Há décadas, vêm sendo trabalhados em meios acadêmicos e corporativos em abordagens como a Teoria U de Otto Scharmer, a Teoria Integral de Ken Wilber, os Níveis de Consciência de Richard Barrett, entre tantas outras. Porém, com resultados muito limitados.

É que o desenvolvimento da consciência não se dá pelos mesmos métodos e ferramentas do desenvolvimento cognitivo. Tornar-se um ser humano melhor exige um trabalho interno mais profundo, intencional e persistente. E esse processo exige que nos afastemos, de vez em quando, do contexto tóxico, estressante, de ódio e divisão em que nos vemos mergulhados. É preciso desacelerar a atividade neural. É preciso reconectar-se à natureza. É preciso olhar para o outro através das máscaras e sem julgamento. O mundo em que vivemos dificulta a presença, a empatia verdadeira. Descalibra nossa bússola interna. Incentiva a competição e a ganância, afastando-nos da capacidade de apreciação, da humildade, da compaixão, da colaboração.

Ampliação de consciência não é religião. Não é misticismo. Não é (só) abraçar árvore. É um processo fisiológico: exercitar nosso cérebro para potencializar conexões neurais em suas regiões mais “civilizadas”, permitindo-nos modular impulsos, instintos e emoções primitivas que dificultam nossa evolução. As áreas mais antigas do nosso cérebro, que respondem pelo nosso “modo automático” de agir, não têm capacidade para lidar com a complexidade do mundo que criamos. Não ponderam consequências de longo prazo de nossas ações e seus impactos sobre outros que não sejam os integrantes da nossa tribo. Muito menos nossos impactos sobre o meio ambiente e as futuras gerações. Nós vivemos reagindo – e não respondendo – aos estímulos e ameaças do ambiente, da mesma forma que fazíamos há milhares de anos, quando esses estímulos e ameaças eram completamente diferentes.

Nosso atraso civilizatório não surpreende, portanto. Evoluímos em conhecimento, tecnologia, capacidade de geração de riqueza. Mas não desenvolvemos o senso de interdependência profundo, que permite nos enxergamos como células de um sistema maior. E esse sistema hoje não engloba apenas minha tribo, como talvez fosse na pré-história quando nosso cérebro se desenvolveu, mas toda a humanidade e o planeta. A guerra que acontece no hemisfério norte, afeta o hemisfério sul. O vírus que surge no oriente espalha-se rapidamente para o ocidente. A emergência climática não é problema de um país – afeta o planeta inteiro. O ódio e a divisão crescentes corroem todo o tecido social (universidades, famílias, empresas e governos), destruindo até as perspectivas de futuro.

Temos que reconhecer que nosso cérebro não está pronto para enfrentar essa realidade fática. E, então, trabalhar para superar essas limitações no plano individual, organizacional, social, nacional e internacional.

Eu considero ser um dever ético dos líderes – não apenas aqueles que ocupam posições de liderança formal, mas todas as pessoas influentes – investir no desenvolvimento de sua consciência.

No último final de semana, tive a oportunidade de participar da primeira imersão ID-X – Experiências de Desenvolvimento Interior, organizada por Maira Nisi, Rafaela Rolim, Alex Marson e Leonardo Marques, no Espaço Aviva, em Floripa. Foram apenas 3 dias, mas muito potentes, em que fortalecemos nossas conexões (conosco mesmos, com os demais participantes, com a natureza), identificamos os desafios para um futuro melhor e os modelos mentais por trás deles, definimos objetivos para acelerar a Agenda 2030 no Brasil e plantamos sementes para isso.

Lutamos contra a frustração, o desânimo e a vontade de desistir. Destruímos os muros que nos dividem. Alimentamos nossa coragem, otimismo, senso de propósito, criatividade e capacidade de união e colaboração. Enfim, ampliamos consciência, individual e coletiva.

Agora, é continuar trabalhando para levar essa energia adiante, ao maior número possível de pessoas. Por isso, concluo este texto retransmitindo o convite que recebemos no início da imersão em Floripa: você está disposto a abrir mão de ser quem foi para poder desenvolver quem esse mundo complexo está clamando para que você seja?

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